Existe uma tradição aqui nos Estados Unidos, que todo presidente eleito em seu primeiro mandato aceite o convite da Notre Dame, a maior universidade católica do país, para ser o orador da cerimonia de formatura. Os presidentes Barack Obama, Jimmy Carter, Ronald Reagan e George W. Bush, por exêmplo, seguiram essa tradição. O atual presidente Norte-Americano, Donald Trump, acaba de quebrar esse costume, ao aceitar o convite da Liberty University para ser orador da formatura da turma de 2017.
As formaturas nos Estados Unidos acontecem normalmente no mês de maio, já que é o final do ano letivo. Assim a cerimonia de formatura da Liberty aconteceu no ultimo sabado, 13 de maio pela manhã. Eu tinha um compromisso na sexta-feira à noite em uma cidade à três horas de distância, mas não iria perder a chance de ver o presidente dos Estados Unidos de forma alguma! Diriji embaixo de muita chuva por mais de três horas, cheguei de madrugada em Lynchburg, dormi umas duas horas e lá fui eu para a formatura.
Valeu à pena demais. Em primeiro lugar, sempre é emocionante participar de um evento como esse, com alunos e familares celebrando suas conquistas. Esse ano tivemos cerca de 19 mil formandos e mais de 50 mil pessoas na cerimônia principal! Além disso, a presença do presidente da republica foi certamente um atrativo à mais.
Trump se mostrou bastante simpatico e autêntico. Fêz algumas piadas, brincou com Jerry Falwell, Jr., presidente da universidade, e fêz um discurso significativo e emocionante. Foi particularmente tocante o momento em que Trump fêz menção à presença de um veterano da segunda guerra mundial presente na cerimônia, ex-prisioneiro de guerra, que sobreviveu à condições extremas por três anos e meio. O veterano foi ovacionado pela multidão por vários minutos.
“We don’t worship Washington. We worship God”, algo como “Nós não adoramos o governo, mas sim a Deus”, foi a frase que mais marcou o seu discurso. E de fato, Trump não usou meias palavras para defender a fé Cristã; afirmou claramente que vai continuar lutando pela Liberdade religiosa nos Estados Unidos. Os evangélicos aqui nos EUA, por representarem a maioria da população, tem sido vitima de diversas tentativas de coibir ou restringir a expressão de sua fé em lugares públicos. O tal do “politicamente correto” chegou ao absurdo de tentar exigir que não se usasse a palavra “Christmas” nas saudações natalinas, um feriado essencialmente Cristão!
Sei que muitos no Brasil veem Trump com desconfiança e até mesmo desdém; sem querer entrar na politica partidária, contudo, é importante ver o outro lado da moeda. Poucos presidentes na história recente desse país fizeram tanto em prol dos Cristãos, em tão pouco tempo de mandato. Trump assinou vários têxtos que visam dar mais liberdade aos cidadãos e aos funcionários públicos para expressarem sua fé sem constrangimentos e recentemente nomeou para a suprema côrte um juiz que é claramente contra o aborto. O presidente também prometeu endurecer o combate ao Estado Islâmico (ISIS) que tem perpetrado tantos massacres à Cristãos em várias partes do mundo.
Um dos momentos mais esperados da formatura, foi a participação especial do coral gospel LU Praise, que esteve esse ano na posse do Presidente Trump. Mas, por conta de um problema técnico, o grupo acabou não se apresentando no horário previamente definido e teve sua participação movida para o final da cerimônia. Normalmente, o presidente tem que sair dos eventos antes do final, para evitar o fluxo da multidão, mas Trump decidiu ficar mais tempo até que o problema fosse resolvido e o coral pudesse cantar. Ele até mesmo quebrou o protocolo, desceu do palanque e foi apertar a mão dos coristas, o que deixou os seguranças bem nervosos, por sinal.
A cerimônia correu tranquila, sem nenhuma manifestação contrária ou gritos de protesto. A Liberty aliás, tem recebido convidados de todas as tendências politicas e ideológicas, e tem tratado à todos com educação e simpatia. Foi assim quando Bernie Sanders, socialista convicto e detrator de Donald Trump, esteve por aqui. A Liberty tem sempre dado mostras de que é possível discordar, sem ser grosseiro ou intolerante. Algo que os grupos de esquerda proclamam aos quatro ventos, mas que na prática fazem o oposto. Basta lembrar da reação histriônica e intolerante quando da passagem pelo Brasil da blogueira Cubana Yoani Sánches.
Trump pode ter seus defeitos, mas é visivelmente um líder que não tem medo de enfrentar a opinião publica e não se conforma com a ditadura do politicamente correto.
Leon Neto
Leon Neto é músico, professor do departamento de louvor da Liberty University (USA)
e ministro de louvor da Amelon United Methodist Church (Virginia – USA).